Fotografias de Manuel Meira
No passado dia 10 de Maio Fafe recebeu um grupo de trabalho internacional composto de estudantes alemães, italianos e portugueses da Universität Hamburg, da Università di Salerno e da Universidade do Minho - e os respectivos docentes e representantes daquelas Universidades - Dr.ª Sofia Unkart (Hamburgo), Prof.ª Nicoletta Gagliardi (Salerno) e Prof.º Mário Matos (Uminho, Portugal).
A tarde iniciou com a realização de uma visita ao Museu das Migrações e das Comunidades através da qual foi possível traçar linhas comparativas entre a realidade e representações dos diferentes países. Esta visita realizou-se no âmbito do programa das XII Jornadas de Cultura Alemã do Departamento de Estudos Germanísticos e Eslavos do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho e incluiu no amplo programa, apresentações de trabalhos realizados por alunos do Programa Intensivo ERASMUS/LLP "Mnemo-Grafias Interculturais".
Neste âmbito o grupo de trabalho foi posteriormente recebido no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe pelo vereador da Cultura da Câmara Municipal de Fafe, Dr. Pompeu Martins, seguindo-se as duas apresentações de trabalhos realizados em português pelos alunos que, na Alemanha, estudam a língua e a cultura portuguesa. Os dois trabalhos foram subordinados ao tema “Os Lugares da Memória Luso-Alemã em Hamburgo”, centrados nas representações interculturais e nos fenómenos migratórios.
O primeiro centrou-se na história do actual navio museu Rickmer Rickmers, um veleiro construído nos estaleiros Rickmers Werft em Bremerhaven, na Alemanha e pela primeira vez lançado à água em 1896. Em 1912 o navio foi vendido ao armador de Hamburgo, Carl Christian Krabbenhöf, sendo rebaptizado Max.
A sua história está fortemente ligada a Portugal. Aquando da 1ª Guerra Mundial, em 1916 o Governo de Portugal havia decretado o aprisionamento dos navios alemães e austro-húngaros ancorados nos portos portugueses. O Max que se então se encontrava atracado no porto da Horta, foi aprisionado, serviu os ingleses e posteriormente (1924) redenominado Sagres vindo a ser utilizado como navio-escola da Marinha Portuguesa, entre 1927 e 1962. Foi posteriormente adquirido pela associação alemã Windjammer für Hamburg e restaurado para ir ancorar finalmente no porto de Hamburgo como navio museu Rickmer Rickmers. De seguida foi feita a apresentação do porto de Hamburgo - Landungsbrücken - e do Bairro Português onde ainda hoje existe bem visível e activa a presença dos portugueses, em particular através do comércio e da gastronomia (ex.: os restaurantes portugueses, o “galão” e os pastéis de nata).
Recuando ao século XVII foi de seguida apresentado o tema “A Jerusalém do Norte: nos trilhos da imigração portuguesa em Hamburgo” no qual foram apresentados aspectos históricos e culturais da imigração portuguesa e a herança portuguesa em Hamburgo. A tarde iniciou com a realização de uma visita ao Museu das Migrações e das Comunidades através da qual foi possível traçar linhas comparativas entre a realidade e representações dos diferentes países. Esta visita realizou-se no âmbito do programa das XII Jornadas de Cultura Alemã do Departamento de Estudos Germanísticos e Eslavos do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho e incluiu no amplo programa, apresentações de trabalhos realizados por alunos do Programa Intensivo ERASMUS/LLP "Mnemo-Grafias Interculturais".
Neste âmbito o grupo de trabalho foi posteriormente recebido no Auditório da Biblioteca Municipal de Fafe pelo vereador da Cultura da Câmara Municipal de Fafe, Dr. Pompeu Martins, seguindo-se as duas apresentações de trabalhos realizados em português pelos alunos que, na Alemanha, estudam a língua e a cultura portuguesa. Os dois trabalhos foram subordinados ao tema “Os Lugares da Memória Luso-Alemã em Hamburgo”, centrados nas representações interculturais e nos fenómenos migratórios.
O primeiro centrou-se na história do actual navio museu Rickmer Rickmers, um veleiro construído nos estaleiros Rickmers Werft em Bremerhaven, na Alemanha e pela primeira vez lançado à água em 1896. Em 1912 o navio foi vendido ao armador de Hamburgo, Carl Christian Krabbenhöf, sendo rebaptizado Max.
A sua história está fortemente ligada a Portugal. Aquando da 1ª Guerra Mundial, em 1916 o Governo de Portugal havia decretado o aprisionamento dos navios alemães e austro-húngaros ancorados nos portos portugueses. O Max que se então se encontrava atracado no porto da Horta, foi aprisionado, serviu os ingleses e posteriormente (1924) redenominado Sagres vindo a ser utilizado como navio-escola da Marinha Portuguesa, entre 1927 e 1962. Foi posteriormente adquirido pela associação alemã Windjammer für Hamburg e restaurado para ir ancorar finalmente no porto de Hamburgo como navio museu Rickmer Rickmers. De seguida foi feita a apresentação do porto de Hamburgo - Landungsbrücken - e do Bairro Português onde ainda hoje existe bem visível e activa a presença dos portugueses, em particular através do comércio e da gastronomia (ex.: os restaurantes portugueses, o “galão” e os pastéis de nata).
As razões da escolha de Hamburgo pelos portugueses que, então, eram maioritariamente judeus sefarditas – em 1652 viviam em Hamburgo 1200 portugueses – sobretudo uma classe de aristocratas comerciantes, banqueiros ou médicos e cuja partida tem na origem em particular as perseguições de que foram alvo pela Inquisição.
Foi ainda apresentado o cemitério Judeu de Altona, o mais antigo do norte da Europa e aguarda o reconhecimento de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Este espaço da comunidade judia de Altona remonta ao século XVI mas esteve encerrado desde o século XIX. Nos anos 1960 foi alvo de obras de restauro e conservação – das 8000 lápides 6000 foram conservadas. O cemitério está dividido sendo que numa parte se encontram sobretudo os túmulos dos sefaradi (judeus ibéricos) portugueses, com lápides ricamente ornamentadas e inscrições lusitanas; na outra parte estão os asquenazes ou asquenazitas - judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental - cujos túmulos têm estelas na vertical com inscrições em hebraico. (O termo asquenaze provém do termo do hebraico medieval para a Alemanha, chamada Ashkenaz - אשכנז).
Entre os túmulos, encontram-se os nomes de Frommet Mendelsohn, a mulher do filósofo Moisés Mendelsohn, e a avó do compositor nascido em Hamburgo, Felix Mendelsohn Bartholdy; também o do pai do escritor Heinrich Heine, Samson Heine.
Nesta bela tarde vieram até nós outros aspectos da emigração portuguesa - Hamburgo desde o século XVII.
Outra época, outras razões. Outros actores, outras representações.
Foi ainda apresentado o cemitério Judeu de Altona, o mais antigo do norte da Europa e aguarda o reconhecimento de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO.
Este espaço da comunidade judia de Altona remonta ao século XVI mas esteve encerrado desde o século XIX. Nos anos 1960 foi alvo de obras de restauro e conservação – das 8000 lápides 6000 foram conservadas. O cemitério está dividido sendo que numa parte se encontram sobretudo os túmulos dos sefaradi (judeus ibéricos) portugueses, com lápides ricamente ornamentadas e inscrições lusitanas; na outra parte estão os asquenazes ou asquenazitas - judeus provenientes da Europa Central e Europa Oriental - cujos túmulos têm estelas na vertical com inscrições em hebraico. (O termo asquenaze provém do termo do hebraico medieval para a Alemanha, chamada Ashkenaz - אשכנז).
Entre os túmulos, encontram-se os nomes de Frommet Mendelsohn, a mulher do filósofo Moisés Mendelsohn, e a avó do compositor nascido em Hamburgo, Felix Mendelsohn Bartholdy; também o do pai do escritor Heinrich Heine, Samson Heine.
Nesta bela tarde vieram até nós outros aspectos da emigração portuguesa - Hamburgo desde o século XVII.
Outra época, outras razões. Outros actores, outras representações.
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