Prof. Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade (CEMRI/UAb), Dr. José Ribeiro (Presidente da CMF), Dr. Pompeu Miguel Martins (Vereador da Cultura CMF) Fotografias de Manuel Meira
Terminou num clima de satisfação, com a presença de dezenas de participantes, o seminário “A Emigração na Primeira República” que decorreu na passada 6ª feira, dia 21, no auditório da Biblioteca Municipal de Fafe, realizado no âmbito do programa oficial da Câmara Municipal de Fafe para as comemorações do Centenário da Implantação da República, através do Museu das Migrações e das Comunidades em parceria com o CEMRI – Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais/Universidade Aberta.
Na sessão de abertura o Presidente da Câmara Municipal de Fafe, Dr. José Ribeiro, assinalou o facto de o evento reforçar o trabalho de implementação do Museu das Migrações, “um projecto prioritário para o Município de Fafe”, que se consolidará como um projecto nacional. A emigração foi e é um factor estruturante das sociedades que deve ser efectivamente abordado ao abrigo de diferentes perspectivas de investigação. Paralelamente as comunidades de emigrantes podem participar activamente neste trabalho, visando o seu conhecimento, preservação e divulgação.
O painel da manhã com o tema “Primeira República - A Emigração e a Imigração em Portugal” foi moderado pelo Prof. Doutor Albertino Gonçalves do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho e contou com a comunicação “Políticas e práticas de emigração na Primeira República” pelo professor catedrático Jorge Fernandes Alves da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e investigador do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória), que procurou equacionar as posições políticas sobre a emigração neste período, caracterizar as medidas tomadas e sondar a realidade através de dados históricos.
Comunicação do Prof. Doutor Jorge Fernandes Alves (FLUP)
Seguiu-se o professor catedrático Viriato Capela do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho apresentou “A emigração e o surgimento da acção regionalista em Portugal”. Este painel contou também com a presença dos contributos de dois investigadores do fenómeno migratório da Galiza para Portugal.
O professor catedrático Domingo Luis González Lopo da Faculdade de História e Xeografia da Universidade de Santiago de Compostela e coordenador adjunto da Cátedra UNESCO nº 226 sobre Migraciones situou o colectivo galego residente em Lisboa durante a segunda metade do século XIX. Analisou os estereótipos sobre a imagem dos galegos em Portugal, o desenvolvimento do associacionismo, a criação da imprensa para defesa dos seus interesses e a educação dos filhos – muitos já portugueses por nascimento -, assim como, a posterior intervenção política destes nos movimentos sociais e políticos e na sua colaboração activa na vida política e na instauração da I República.
O professor Carlos Pazos Justo do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho (Prémio de Investigação Carvalho Calero em 2009) apresentou uma aproximação à trajectória da emigração espanhola em Portugal na 1ª República com a comunicação “A emigração espanhola em Lisboa na Primeira República: o caso do enclave galego” tentando substantivar as estratégias que este adoptou no novo panorama político após 1910.
O painel da tarde subordinado ao tema “Portugal/Brasil - Factos, Gentes e Representações” foi moderado pelo Dr. Henrique Barreto Nunes, ex-director (recentemente aposentado) da Biblioteca Pública de Braga e do Arquivo Distrital de Braga, actualmente vice-presidente do Conselho Cultural da Universidade do Minho e pela Dra. Isabel Alves educóloga a desempenhar funções no Museu das Migrações e das Comunidades e coordenadora do seminário. O Dr. Henrique Barreto Nunes abriu o painel com profundas palavras de homenagem àquele que foi o seu grande amigo, historiador e defensor activo e permanente do património histórico - Dr. Miguel Monteiro, mentor do projecto do Museu.
Com a comunicação - “Portugal-Brasil: Trajectórias de sucesso e de insucesso no contexto migratório” - a professora catedrática Maria Beatriz Rocha-Trindade, fundadora do CEMRI, titular da Ordre National du Mérite, de França, com o grau de Chevalier, da Medalha de Mérito do Município de Fafe e da Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública, de Portugal, centrou-se na presença portuguesa no Brasil, que se estende desde o seu «Achamento» até à actualidade. Retratou os “Homens e mulheres que circularam entre o continente europeu e o continente americano, atravessaram o oceano num e noutro sentido, através do que poderia ser chamada: a «ponte atlântica». E, em cada época, não só encontraram justificação para fazê-lo como transportaram consigo a esperança de poder atingir uma melhoria económica ou de poder vir a alcançar uma situação de liberdade.”
Seguindo o tema Portugal-Brasil o Município de Fafe esteve representado pelo historiador local Daniel Bastos com a comunicação “O concelho de Fafe durante a I República e o fenómeno migratório” cujo principal objectivo foi “analisar as dimensões históricas da I República no concelho de Fafe que se interligam com o fenómeno migratório.”
Seguiu-se o professor catedrático Jorge Arroteia da Universidade de Aveiro, fundador da biblioteca digital Emigrateca Portuguesa que apresentou “Uma visão retrospectiva sobre as migrações portuguesas” e abordou os movimentos migratórios desde as Descobertas, passando pelos diversos “destinos da emigração portuguesa traçados desde os finais do século XIX que se alteraram no decurso do século XX.”
Terminadas as comunicações a sessão foi seguida de um espaço de debate que contou com uma grande participação do público presente. O evento foi encerrado pela coordenadora do seminário Dra. Isabel Alves, pela Prof.ª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade que com o Dr. Artur Ferreira Coimbra constituíram a Comissão Científica do seminário, e pelo vereador da cultura Dr. Pompeu Miguel Martins que fez um especial agradecimento a todos quantos tornaram possível a realização do seminário (Isabel Alves, Jesus Martinho, Joaquim Gonçalves, Manuel Meira, Rita Gonçalves, Sandra Novais) e em particular à Prof.ª Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade por todo o percurso realizado desde o início da implementação do Museu. Reforçou ainda a vontade do senhor Presidente Dr. José Ribeiro na consolidação do Museu, apresentando uma visão dos projectos futuros.
Dra. Isabel Alves (MMC), Dr. Pompeu Miguel Martins (Vereador Cultura CMF), Prof. Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade (CEMRI/UAb) Fez ainda um especial agradecimento a uma personalidade essencial na criação do Museu das Migrações e das Comunidades – o Historiador professor Miguel Monteiro. De assinalar que o seu nome foi lembrado ao longo de todo o dia por todos os oradores com palavras de admiração e carinho imensos, mencionado como alguém que tinha “o infinito como limite”.