"Dez de Janeiro foi de festa para a nossa linda terra! Inaugurou-se nessa noite o 'Teatro-cinema' - nome tão simples para obra tão grande."
Sob o título “O Progresso de Fafe – A Inauguração do Teatro-Cinema”, eram estas as palavras que se liam, na edição de 17 de Janeiro de 1924 do jornal “O Desforço”. O Teatro-Cinema foi inaugurado a 10 de Janeiro de 1924 pela então conceituada Companhia de Aura Abranches, com a peça de teatro “O grande amor”.
Construído no local onde existia já um antigo edifício de teatro, a sua construção deveu-se ao Dr. José Summavielle Soares, neto do “brasileiro” José Florêncio Soares, emigrante no Rio de Janeiro.
Esta belíssima obra coincidiu com o fim das iniciativas de capital de "brasileiros" de Fafe e dos seus descendentes, fechando o ciclo da emigração para o Brasil.
A notícia do jornal continua com pormenorizadas descrições:
Luxo e elegância desde o altivo salão nobre ao vasto palco confortáveis camarins, desde a deslumbrante entrada principal a plateia, frisas e camarotes; desde o agradável terraço ao jardim lateral.
Dignos de louvores são quantos colaboraram nesta obra importante: dignos de honra são: o técnico de 'A Japoneza, Lda', do Porto, sr. Duarte d'Almeida que deu aquilo tudo um tom prodigioso, caprichando no mobiliário e adorno do salão principal, que e, no género, um dos raros que devem existir; e os hábeis pintores que com tintas multicolores fizeram realçar o tecto, imprimindo-lhe poesia e o artista da sacada em cimento que sobressai na frontaria.
'Teatro-cinema'!
Quer dizer: ali, naquela case modelo, poderão funcionar as melhores e maiores companhias e exibir-se as mais perfeitas fitas cinematográficas.
E assim foi que, Quinta-Feira passada, teve a honra de trabalhar pela primeira vez no sobredito teatro, inaugurando-o solenemente, a Companhia Aura Abranches, uma das melhores do país.
Mas quem foi a personagem mais importante da grande noite, da noite de triunfo, de alegria, de afecto, de galas, de glórias? Foi, precisamente, o homem de reconhecida inteligência e acção, o bairrista apaixonado, o engrandecedor de Fafe, o dono da admirável case de espectáculos que e o Dr. José Summavielle Soares! Foi ele, não podia deixar de ser! ...
A Câmara, representada pela sue ilustre Comissão Executiva, dr. Artur Vieira de Castro, Dr. Parcidio de Matos, Dr. Manuel Moreira, Ângelo Fernandes e Vale Ribeiro, com seu estandarte, foi homenageá-lo ao palco, entre o 2.° e o 3° actos, levar-lhe uma mensagem escrita em pergaminho e metida numa luxuosa pasta. Tinha-o proclamado cidadão benemérito do concelho de Fafe.
Quando a Câmara apareceu no palco, as palmas foram estrondosas e demoradas, assim como depois do agradecimento do sr. dr. Summavielle. A orquestra executou 'A Portuguesa’ e tudo de pé e respeitosamente assistiu aquela passagem sublime da grande festa.
Além da imprensa local, assistiu ao espectáculo de inauguração o nosso prezado colega do Jornal de Noticias do Porto sr. Armando Gonçalves, funcionário superior da Câmara do Porto.
-'A Japoneza, Ld.ª, do Porto, foi a que ofereceu o espectáculo de inauguração os lindos programas profusamente distribuídos.
-A orquestra, sob a regência do snr. Joaquim Carvalho, que executou admiravelmente, era composta de amadores e profissionais da terra.
-O pessoal do teatro usava todo fardas.
As três lindas peças que se representaram nas noites seguintes -' Pilmerose', 'Madalena Arrependida' e 'Injustiça da Lei', agradaram muito, sendo os intérpretes entusiasticamente ovacionados.
No domingo, entre o 2.° e o 3.° actos, o sr. dr. Summavielle convidou a laureada actriz Aura Abranches a fazer o descerramento de uma placa de mármore com letras douradas colocada no átrio, onde leu, com surpresa, os seguintes dizeres:
As três lindas peças que se representaram nas noites seguintes -' Pilmerose', 'Madalena Arrependida' e 'Injustiça da Lei', agradaram muito, sendo os intérpretes entusiasticamente ovacionados.
No domingo, entre o 2.° e o 3.° actos, o sr. dr. Summavielle convidou a laureada actriz Aura Abranches a fazer o descerramento de uma placa de mármore com letras douradas colocada no átrio, onde leu, com surpresa, os seguintes dizeres:
-'Inaugurado em 10-1-1924 pela Companhia Aura Abranches'.
A placa de mármore permanece na entrada do Teatro Cinema e completa hoje 86 anos.
Também hoje, dia 10 de Janeiro, recordamos Miguel Monteiro, coordenador do Museu das Migrações e das Comunidades que completaria 56 anos.
Saudade.
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