© Carlos No
Este espaço tem por missão também divulgar a arte que se faz em torno da temática das migrações.
Neste sentido já aqui mostramos o trabalho de Carlos No, cuja obra “Champigny” foi agora seleccionada para integrar a secção “Project Rooms” da ARTE LISBOA 2010, este ano com curadoria de Filipa Oliveira.
A obra “Champigny” é (...) "uma peça de parede constituída por 28 caixas de correio construídas pelo artista com restos de madeira de diferentes tipos e origens. Estão dispostas mais ou menos por sequência numérica mas de modo desalinhado. Cada caixa tem, para além de um número, um ou mais nomes de pessoas de diferentes nacionalidades. Estas correspondem às das maiores ou mais representativas comunidades de imigrantes existentes actualmente em Portugal, que vão desde o Brasil e restantes países lusófonos, passando por outros países de África, Ásia e Europa de Leste.
Embora a obra procure evocar uma realidade portuguesa actual, o título remete-nos, no entanto, para um outro contexto geográfico e temporal, poder-se-á mesmo dizer histórico. Champigny é o nome de uma cidade francesa a leste de Paris que na década de 60 do século passado foi um dos locais de destino de uma grande parte dos imigrantes portugueses que, em busca de trabalho ou em fuga ao regime salazarista e à Guerra Colonial, procuravam em França um melhor local para viver.
Apesar de hoje em dia Champigny ser uma cidade dormitório, satélite de Paris, está, no entanto, muito longe daquilo que era na década de 60 do séc. XX pois nessa altura pouco mais era do que um bairro de lata na periferia da cidade, sem quaisquer condições de habitabilidade. Contudo, foi aqui que cerca de 40 mil portugueses construíram/encontraram a sua primeira “casa” (barraca) e nela viriam a habitar durante vários anos.
Pretendi assim, ao confrontar duas realidades bem semelhantes ainda que afastadas no espaço e no tempo, criar um paralelismo entre a realidade portuguesa de então e a actual, embora num sentido inverso. Num gesto como que de um “virar o espelho para nós próprios”, país com grandes tradições de emigração, para reflectirmos melhor sobre o nosso comportamento actual perante aqueles que procuram Portugal em busca de melhores condições de vida. Carlos No
Embora a obra procure evocar uma realidade portuguesa actual, o título remete-nos, no entanto, para um outro contexto geográfico e temporal, poder-se-á mesmo dizer histórico. Champigny é o nome de uma cidade francesa a leste de Paris que na década de 60 do século passado foi um dos locais de destino de uma grande parte dos imigrantes portugueses que, em busca de trabalho ou em fuga ao regime salazarista e à Guerra Colonial, procuravam em França um melhor local para viver.
Apesar de hoje em dia Champigny ser uma cidade dormitório, satélite de Paris, está, no entanto, muito longe daquilo que era na década de 60 do séc. XX pois nessa altura pouco mais era do que um bairro de lata na periferia da cidade, sem quaisquer condições de habitabilidade. Contudo, foi aqui que cerca de 40 mil portugueses construíram/encontraram a sua primeira “casa” (barraca) e nela viriam a habitar durante vários anos.
Pretendi assim, ao confrontar duas realidades bem semelhantes ainda que afastadas no espaço e no tempo, criar um paralelismo entre a realidade portuguesa de então e a actual, embora num sentido inverso. Num gesto como que de um “virar o espelho para nós próprios”, país com grandes tradições de emigração, para reflectirmos melhor sobre o nosso comportamento actual perante aqueles que procuram Portugal em busca de melhores condições de vida. Carlos No
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