8.3.11

Mulheres do Séc. XIX em Fafe

Fotografia de Manuel Meira
Dedicamos o "Documento do Mês" às mulheres, que, tendo vivido numa sociedade dominada pela(s) figura(s) masculina(s), contribuiram para mudar o curso da história.

D. Felismina Summavielle

Pessoa muito estimada e conhecida em Fafe e outras terras, soube, com a sua mãe e persistência, fundar e elevar o famoso Hotel Central, vulgarmente conhecido por «Hotel de Felismina», onde se serviam os apreciados pão-de-ló e vitela de Fafe, além dos capitosos vinhos de Basto.
O Hotel Central era frequentado assiduamente por pessoas influentes como, por exemplo, o Conde de Paçô-Vieira, decisivo na chegada do comboio a Fafe, em 1907.
Era irmã do «brasileiro» António Summavielle e de Margarida Summavielle, mãe do Dr. José Summavielle Soares. Faleceu em 28 de Setembro de 1922, com 69 anos, tendo fechado o caixão o seu sobrinho Dr. José Summavielle Soares. Em 1924 faleceu, com 80 anos o seu marido António da Silva e Castro, como relata o jornal O Desforço a 23 de Outubro.

Texto e desenho de Luís Gonzaga Ribeiro Pereira Silva in ‘Fafenses nascidos no séc. XIX’ (Fafe: 2010, 2.ª edição).


D. Georgette D’Anthonay Villas Boas

D. Georgette d’ Anthonay Villas-Boas era filha do cônsul francês em Manaus, capital da Amazónia, onde casou em 1900 com o opulento «brasileiro» José Cândido Ferreira Villas-Boas, de Medelo, emigrado naquela longínqua cidade.
D. Georgette enviuvou em 1925, tendo-se radicado em Fafe; era vulgarmente conhecida por «Madame do Soeiro».
Embarcou para Manaus, diz O Desforço de 26 de Outubro de 1931, tendo regressado em Junho de 1932. (…)
O ex-cônsul francês em Manaus, Barão d’ Anthonay e sua esposa Baronesa d’ Anthonay, estiveram em Medelo, de visita à sua filha D. Georgette, e regressaram a França encantados com Portugal, relata O Desforço de 16 de Agosto de 1956. Regressaram no ano seguinte, no mês de Julho, para passar aqui um mês.
No dia 30 de Maio de 1973, D. Georgette, a «Madame de Soeiro», fez 91 anos. Era uma senhora bondosa e compreensiva; quando o ano agrícola era mau, perdoava aos seus caseiros o que estivesse em falta; de uma forma geral, foi benemérita dos Medelenses.
Faleceu na sua Casa do Soeiro, no dia 15 de Setembro de 1973.

Luís Gonzaga Ribeiro Pereira Silva in ‘Fafenses nascidos no séc. XIX’ (Fafe: 2010, 2.ª edição).


Prof.ª Francisca Ribeiro Leite

Francisca Ribeiro Leite fundou, por volta de 1915,uma Escola Primaria particular, que funcionou durante mais de 50 anos, na qual ensinava os alunos da 1.ª, 2.ª e 3.ª classes, sendo a 4.ª e 5.ª classes ministradas pelo professor João de Oliveira Frade, que chegou a ser Administrador do Concelho em 1912, tendo sido nomeado em 1914 membro do Conselho de Assistência Escolar. O professor Frade era também professor e secretário da escola Primária Superior, a partir da sua função, no ano lectivo de 1919/1920.
A escola de Francisca Ribeiro Leite era frequentada pelos filhos das famílias mais distintas de Fafe e funcionava no 1.º andar da casa do seu primo e padrinho, José António Dantas Guimarães, esquina da Rua Machado dos Santos (actual R. João XXIII). (…)
Francisca Ribeiro Leite (…) nas suas horas vagas, dedicava-se à pintura a óleo, nomeadamente pintura a óleo sobre seda, técnica geralmente utilizada em trabalhos de índole religiosa que lhe eram muitas vezes solicitados.
Faleceu em 24 de Maio de 1976, com 90 anos, estando sepultada, tal com os outros membros da sua família já falecidos, no jazigo de José António Dantas Guimarães e sua esposa Francisca de Jesus Leite, no cemitério municipal de Fafe. (…)

Texto e desenho de Luís Gonzaga Ribeiro Pereira Silva in ‘Fafenses nascidos no séc. XIX’ (Fafe: 2010, 2.ª edição).

D. Laura Soares D’Oliveira Summavielle

Laura Soares d’Oliveira Summavielle, esposa do Dr. José Summavielle Soares, teve 4 filhas, Laura, Maria Margarida, Alice e Soledade, e 6 filhos, José, João, Miguel (falecido com 30 anos), Luís, Fernando e Elísio Summavielle Soares. Era muito amiga dos pobres, gostava de gracejar e de fazer a sua quadra.
Da sua pedreira de Pardelhas, foi a pedra toda para acabar a Igreja Nova, parada desde 1900.
Faleceu em 14 de Abril de 1971, com 92 anos, mas ainda lúcida; era expansiva, comunicativa, alegre.
O seu funeral foi grandioso.
O Desforço, anunciou para o dia 9 de Novembro de 1961, pelas 21 horas, no Teatro Cinema, uma sessão de propaganda eleitoral democrata, presidida pela sua filha D. Laura Summavielle Matos, viúva do Dr. Maximino Matos, falecido mais de 3 anos antes.

Luís Gonzaga Ribeiro Pereira Silva in ‘Fafenses nascidos no séc. XIX’ (Fafe: 2010, 2.ª edição).


2 comentários:

  1. De salientar que a D. Felisbina Summavielle, casou com o dono do Hotel Central, o Sr António da Silva e Castro. Tendo o irmão do mesmo, o Sr Manuel da Silva e Castro, herdado o Hotel Fafense. Ambos filhos de Vicente da Silva e Castro.

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  2. Boa noite, pf alguém sabe algo mais sobre José António Dantas Guimarães,a casa onde sua prima deu aulas ainda existe?

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