(Luisa Vieira Campos de Carvalho - Arquivo privado)
A obra do Jardim do Calvário deve-se a um brasileiro fafense, o Comendador Albino de Oliveira Guimarães que, segundo a imprensa do início do século, "houve dele o produto de um discurso – a verba principal que se empregou no aludido jardim", custeando a iniciativa com 4 contos e duzentos mil réis.
No ano 1890 dá-se início às obras, tendo a Câmara em sessão de 12 de Fevereiro, realizando uma intimação de despejo de 8 dias aos moradores daquele local, para que a construção se pudesse iniciar.
O Jardim do Calvário é solenemente inaugurado a 26 de Dezembro de 1892, onde a Câmara se dirige a Albino de Oliveira Guimarães para agradecer "os valiosos serviços que prestara ao Município para a construção do mesmo jardim" e "pelo grande melhoramento público que promovera".
Em 1912 é aprovado o projecto de um coreto para o local e em 1914 passa a ter luz eléctrica fornecida pela Central de Sta. Rita. Em 1917 é adquirido um barco para o lago do Jardim, mandado vir pelo então Vereador Artur Pinto Bastos, tendo o barco e o seu transporte desde a Póvoa do Varzim custado 36$50.
Em 1929 é elaborado o projecto de um quiosque para o Jardim Público junto ao ringue de patinagem com o orçamento de 11.148$00.
O Jardim do Calvário recriava, assim, um ambiente de exotismo naturalista, apresentando um lago com uma ponte, um pequeno barco, um coreto e as necessárias árvores importadas, recriando-se o ambiente romântico. Constituía um local de "encontro e ócio, cumprindo uma função ideológica dos que o frequentavam." (Miguel Monteiro in Fafe dos Brasileiros)
COMENDADOR ALBINO DE OLIVEIRA GUIMARÃES
Albino de Oliveira nasceu a 4 de Setembro de 1833, na freguesia de Golães e faleceu a 6 de Março de 1908 (74 anos), na sua casa da Rua 5 de Outubro.
Em 1847 (com 14 anos) emigrou para o Rio de Janeiro e acrescentou ao seu apelido, Guimarães. No Brasil, trabalhou como caixeiro na casa Comercial António Mendes de Oliveira Castro, vindo a ser o seu braço direito, das suas qualidades pessoais. Em 1858 (25 anos) casa com Luiza Mendes de Oliveira Castro e aparece na liderança da Comissão de Fundadores do Hospital de Fafe no Rio de Janeiro. Em 1859 António Mendes de Oliveira Castro vem a falecer, sendo Albino conduzido à gerência dos negócios de família, ao lado da sogra D. Castorina.
Em 1861 realiza uma viagem de retorno a Portugal, com Francisco José Leite Lage. Em 1869 verifica-se a existência de um passaporte de 8 de Abril com destino ao Rio de Janeiro com sua mulher e filhos (Luiza, Castorina, Albino, António). Em1879, compra casa em S. Clemente. De referir que ia com frequência a Lisboa, mantendo relações com Camilo Castelo Branco e José Cardoso Vieira de Castro.
Em 1890 vende a casa do Rio ao inglês John Roscoe Allen que posteriormente a vendeu a Rui Barbosa. Actualmente é a Fundação Casa Museu Rui Barbosa. Albino de Oliveira Guimarães regressa definitivamente a Fafe, instalando-se com a família na casa da Macieira, em Pardelhas. Foi ainda proprietário rural em Freitas, na Ranha e Pardelhas; em Quinchães e em S. Romão de Arões adquiriu quintas e a casa e Quinta de Arrochela.
Como benemérito promoveu a construção da Igreja Nova de S. José, hospitais, asilos, escolas, participou na criação de Misericórdias, indústrias e iluminação pública; fez parte da comissão organizadora das festividades comemorativas da chegada do Caminho-de-ferro.
"Documento do Mês" - em exposição espólio documental sobre o Jardim do Calvário e o seu fundador Comendador Albino de Oliveira Guimarães. Agradecimento muito especial a Luisa Vieira Campos de Carvalho, descendente do comendador, pela cedência da primeira foto que aqui reproduzimos.
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